Depois de ficar 20 anos expondo apenas fora de São Paulo, o artista plástico, performer e arquiteto
Ricardo Woo traz à cidade a exposição “DANS – O Desenho da Dança, a Dança do Desenho”, que tem abertura nesta segunda-feira, 11, na
Sala do Olhar, novo espaço no bairro da Vila Madalena dedicado à arte contemporânea e encontros culturais, sob a direção de Claudia Wit e Forja Recicla. O evento marca a inauguração do espaço na capital paulista. Compõem a mostra 12 pinturas inspiradas em coreografias, com ritmo e decisão, em que Woo captura, através do desenho, a dança em forma improvisada, mostrando os movimentos sem linearidade, em simples e fortes traços, ousando em naturezas físicas, somados a coletivos movimentos experimentais e dinâmicos. Sua meta é expressar o movimento com gestos e cores que ditam o olhar.
Woo é formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) e tem Mestrado no curso Master of Arts da Universidade de Nova Iorque. Já realizou exposições individuais em diversas galerias em Nova Iorque, Taipei, Munique, Los Angeles, Viena, Veneza, São Paulo e Rio de Janeiro. Paulistano, filho de mãe japonesa e pai chinês, morou de 1992 a 2005 em Nova Iorque e desde 2006, quando retornou ao Brasil, tem se dedicado à realização e idealização do Atelier Dragão Baiano, em Mogiquiçaba, na Vila de Santo André, no litoral Sul do Estado da Bahia, onde trabalha com esculturas em cerâmica, pinturas experimentais, instalações de arte e projetos de dança e performance. Paralelamente, em São Paulo, inicia uma parceria com a dançarina Otília Françoso Didi e, desde então, passou a acompanhar ensaios e a prática da dança moderna chamada Contato e Improvisação. Essa experiência é que deu origem à exposição “DANS – O Desenho da Dança, a Dança do Desenho”.
Unindo sensibilidade e sutileza, a história de Ricardo Woo com as artes plásticas e as performances tem seu primeiro período nas investidas em happenings em Bienais de São Paulo, dançando, inclusive, com Kazuo Ohno, quando este esteve pela primeira vez no Brasil, em meados dos anos 1980. Fez performances com artistas como Aguilar, As Harpias, Geová Rodrigues e Angelo Palumbo, mas deixou adormecido o talento para os movimentos do corpo e focou seu trabalho na pintura, gravura e escultura durante o período em que morou nos Estados Unidos.
“Explicar pintura é como não dar chance a um relacionamento”, diz Woo. Para ele, em uma imagem está o encontro de todo um universo presente, que resulta da união entre visão e pensamento. “E eternizado nas decisões do artista, o movimento é interpretado em desenho e pintura e, neste sentido, as minhas pinturas, quando vistas, pedem para o apreciador entrar na dança de seus traços, pois são gestos e cores em movimento”, explica. Ricardo Woo conta que foi por passar três anos desenhando ensaios, performances e principalmente a prática da dança chamada de “Contato e Improvisação” que o desenho mais legítimo surgiu em seu trabalho. “O que me nutre é a dança”, finaliza.
Sobre a Corpografia “Strike a Pose”: Happening-performance-experimento em que Ricardo Woo viverá “Pose”, uma interpretação do universo das celebridades e selfies. Dançarinos improvisadores convidados dançam diante flashes e espelhos, numa ocupação na esquina da Rua Cardeal Arcoverde com a Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, na Vila Madalena, São Paulo. De forma lúdica e sátira “a esquina da fama” terá tempo de duração de 15 minutos e se repetirá durante toda a noite, celebrando a profecia do artista Andy Warhol de que “no futuro todos terão seus 15 minutos de fama”.