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terça-feira, 15 de abril de 2014

ESTILO ROMÂNTICO


 

O romantismo supõe em sua retaguarda uma concepção gnosiológica geral sobre a mente, concepção que repercute sobre o agir humano e finalmente também sobre a expressão artística. Neste sentido, a arte é o homem. Aos poucos um novo homem fora concebido nos tempos modernos, e que na passagem para o século dezenove gerou uma arte anticlássica.
Primeiramente as características desta arte se fizeram conhecidas pelo nome de romantismo. Esta concepção de homem continuará a evolver-se, de sorte a gerarem-se novas formas de arte anticlássica, o realismo, o modernismo.

Importa distinguir, na formalização conceitual do estilo romântico, aquilo que lhe é essencial como anticlassicismo, daquilo que foram suas diferentes realizações, que divergem por exemplo na França e noutros países. O essencial o devemos de pronto definir, que é o seu anti-classicismo, em que confere genericamente com elementos preexistente potencialmente no maneirismo, barroco, rococó, e com elementos que vão persistir posteriormente no realismo e modernismo.
 
A concepção gnosiológica a agir na retaguarda do romantismo é aquela em virtude da qual a filosofia vem interpretando crescentemente a realidade a partir do sujeito, em desfavor do objeto. O romantismo é o primeiro triunfo do subjetivismo moderno. A filosofia moderna no seu primeiro período se dividiu em dois movimentos, o racionalista de Descartes (1196-1650), dominante, sobretudo na França, e o empirista de Francisco Bacon (1561-1726), de início com ação na Inglaterra.

Para o empirismo ficara desde logo estabelecida a não existência de universais a se imporem exteriormente como parâmetros e como espécies aos indivíduos. Esta filosofia não foi desde logo atuante e nem coerente. No século dezoito o empirismo se divulgou na França, e será inspiradora da Revolução de 1789.
 
A filosofia cartesiana, apesar de eminentemente racionalista por causa dos universais que estabeleceu, introduzirá um fundamento subjetivista sobre o objeto exterior, apesar de tudo ainda justificado. Progressivamente foi-se subjetivizando o objeto exterior, reduzido finalmente por Kant (1704-1804) a uma projeção meramente fenomenal, que a mente elabora com formas apriorísticas.

Transformava-se o racionalismo realista em racionalismo idealista. A este mesmo resultado havia chegado também o empirismo de Hume (1711-1776). Passando o homem a ser o gerador da exterioridade, mesmo quando tomasse características lógicas e apodícticas, a arte, como criação do homem, passava também a ser entendida mui diversamente.
 
A fonte subjetiva da inspiração artística era um princípio vagamente presente em todas as épocas, sobretudo para a poesia. Agora vai criando forma na filosofia moderna e nas meditações dos teóricos da arte, bem como dos próprios artistas. Esta formulação surge mais cedo em uns, que em outros, e não se dá rigorosamente igual em cada país. Além disto, ela se desenvolveu em uns a partir do racionalismo de Descartes e Kant, em outros a partir do empirismo de Bacon e Hume.
Nem em todos acontece com a mesma clarividência. Além disto, conserva-se a trincheira paralela dos neoclássicos, remanescentes sobretudo nas academias oficiais, e por isso chamados também acadêmicos.
 
Desenvolveu-se entre os filósofos da arte a teoria do gênio, que, do fundo de si mesmo, gera a concepção artística. Esta teoria encontrou amparo principalmente nas filosofias idealistas panteístas, marcadamente da de Schelling (1775-1854). Para este filósofo do romantismo alemão, a natureza e o espírito se reduzem a um único absoluto indiferenciado, de dentro do qual tudo se gera, inclusive a inspiração artística.


 
Pré-romantismo. Houve um período de gestação ideológica das bases do romantismo do século 19 no curso do século anterior, isto é, 18, que hoje é denominado de pré-romantismo. Tudo começa na Inglaterra sob a inspiração filosófica do Conde de Shaftesbury, Anthony Ashley Cooper (1671-1713).
O clima agnóstico criado pelo empirismo levou a aqueles que por isso já não acreditavam na indagação racional a buscar uma outra via de progressão, um caminho alógico.
Este então se denominava senso comum (commom sense). A partir dali, o belo passou a ser uma destas categorias não racionalizadas, conhecidas comosenso do belo (sens of beauty). Prepara-se consequentemente o ideário pré-romântico, primeiramente a nível literário e logo também de pintura.
 
Na Alemanha o pré-romantismo teve como primeiros representantes teóricos, sobretudo literários, Johann Georg Hamann (1730-1788), Maximilian Klinger (1752-1831), Johann Herder (1744-1803), Schiller (1759-1805) e inicialmente Goethe (1749-1832).
Fez-se conhecer então o notável movimento literário Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto), dos anos 1760 a 1785.
 
Na Itália, por onde transitou Shastesbury, as idéias preromânticas tiveram a importante teorização de João Batista Vicco (1668-1744).
 
Na França se destacou o pré-romântico Jacques Rousseau (1712-1778), que, apesar do predomínio classicista reinante, foi um firme sentimentalista.
 
Depois da gestação da ideologia do romantismo em um quase século de pré-romantismo, surgiu ele fortíssimo, levando vantagens sobre o neoclassicismo, sobretudo após Napoleão.


 
A pintura romântica abandonou a ênfase do desenho, no que reagiu portanto ao neoclassicismo. Voltou ao colorismo do barroco mas com vistas ao clima ambiente e não à tensão do movimento ou dos contrários em luta. Acontece nisto alguma aproximação com a doçura de Rafael.
O tema peculiar do romantismo é o sentimento, como clima do indivíduo e como atmosfera envolvendo a natureza. Valoriza consequentemente os motivos nacionais, e a cultura popular, recuando mesmo às origens.
 
Para os europeus estas origens se prendem à Idade Média, que fica pois, valorizada, inclusive sua arte gótica.
Para os americanos o tema é o vasto continente e o índio. Envolvidos no clima sentimental romântico, o índio deixa quase de ser o que era, porque é visto a partir do artista sentimentalizado.
 
Variam, pois, os temas quanto ao conteúdo, mas não no seu tratamento subjetivo. Nestas condições há romantismos ocupados com a religião. Talvez só na França o romantismo não esteja ligado ao religioso.




 


Eugéne Delacroix (1798-1863) foi o maior pintor romântico francês. Foi talvez ainda o maior de todo o movimento romântico, pela superioridade intelectual de conteúdo e pelo virtuosismo de sua expressão pictórica cheia de emoção e energia.
Conseguiu seus resultados românticos com fortes contrastes de cores, combinadas com um desenho adequadamente tenso e composição movimentada, por vezes até turbilhonante.
 
Tendo estudado os clássicos na Escola de Belas Artes de Paris foi mais influenciado pelo maneirista veneziano Veronese e pelo barroco flamengo de Rubens.
Jovem ainda, foi bem sucedido no Salon de 1822 com Dante e Virgílio no Inferno (Louvre).
Viajando pela Inglaterra (1825), Marrocos, Argel e Espanha (1831-1832) aprendeu e coletou motivos para as suas criações.
Desde A morte de Sardenapalo (Louvre, 1827) foi visto como o chefe do romantismo francês, em viva oposição com o neoclassicismo de Jacques-Louis David e de Ingres.
 
Pintou temos tipicamente românticos: Fausto (Louvre, 1827), Hamlet (Louvre, 1834).
Referente ao episódio político de Julho de 1830: A liberdade guiando o povo (1831). Executou obras para o rei, no Palácio Bourbon (1833-1836) e na Biblioteca do Palácio Luxemburgo (1849-1861).
Também executou temas históricos como: Entrada dos cruzados em Constantinopla (Louvre, 1854), referente à tomada daquela cidade em 1204.
Foi tenso e patético em: A caça aos leões (Boston, 1859), Cavalo atacado por uma pantera (Louvre, 1860).
Da viagem à África resultara uma série de desenhos e aquarelas, que destacam a luminosidade da região. Finalmente, criou a tela: As mulheres de Alger(Louvre, 1863).


 
O romantismo, - melhor sucedido em pintura, literatura e música, do que em escultura e arquitetura (renovação do gótico), - encontrou fáceis adeptos por toda a parte, porque era senão uma retomada sob nova definição do movimento maneirista, barroco rococó interrompido pelo episódio neoclássico.
Assim já acontecia desde o pré-romantismo na Alemanha, Itália, além do sucesso na França de Delacroix.
 
Nos Estados Unidos da América desenvolveu-se também a pintura romântica.


VICTOR MEIRELLES


PEDRO AMÉRICO

Mas no Brasil persistiu o neoclassicismo tardio, ou acadêmico, praticado por com Victor Meireles (vd 927) e Pedro Américo, todavia não sem algumas tendências românticas.

  
 

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