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segunda-feira, 14 de abril de 2014

ESTILOS MEDIEVAIS DE PINTURA; BIZANTINO, ROMÂNICO E GÓTICO

 







Introdução. A pintura medieval, sucedeu à helênico-romana, é dominantemente cristã, acrescida da muçulmana no Oriente Médio, norte da África e da Espanha árabe.
Foi precedida de uma pintura cristã antiga e simplista, que se ocupou principalmente só simbolismo e por este através foi formalista.
Após a queda de Roma (476) a arte cristã do ocidente tomou direção própria, diferenciando-se progressivamente da cristã oriental, que passou a denominar-se bizantina. Mais expressiva inicialmente, a arte bizantina cedeu aos poucos em importância, frente à arte romântica do Ocidente. Mas também esta arte romântica se transmuda no gótico, que foi ser o principal estilo da Idade Média ocidental.

 Do ponto de vista estético e estilístico aconteceu uma dialética entre o linearismo, que predominou na Idade Média, e o plasticismo, que finalmente venceu e marcou a Renascença..
Talvez mais favorável aos objetivos de expressão do misticismo, a linha do desenho é sempre mais forte na pintura medieval e é por ela que se faz reconhecer de pronto. O plasticismo, não só das áreas e volumes, como também das cores, é certamente muito adequado para a expressão sensual e humana, que, todavia não é a medieval, porque se reteve no linearismo.

Importa ainda considerar que o colorismo subtil não é alcançado pelas sociedades menos evoluídas, que preferem as cores em tons fortes e simples.
O utilitarismo também domina a arte cristã medieval, que não a cultiva por motivos estéticos e sim pela função a exercer, predominando a do culto. A Idade Média não cultivou a arte pela arte, ou seja simplesmente como expressão e esteticidade.

Nem nos palácios dos reis e nobres chegou a pintura a ser um objetivo decorativo.
As representações numerosas nos muros e vitrais das igrejas visam a função de catequizar os fiéis. Neste longo milênio de analfabetismo das massas, para estas se apontava, como ideal, a perfeição moral, e não a perfeição pelo saber.
Instruíam-se os que tinham função a exercer, como os príncipes, os clérigos, os artífices, como médicos e arquitetos. Mas nem estes se instruíam para fazer da instrução ideal de perfeição. Neste clima a pintura somente poderia ser utilitarista, para advertir sobre os episódios bíblicos e sobre as esperanças de um céu inadequadamente imaginado.


I - Estilo bizantino.




Como cidade, Bizâncio, - depois Constantinopla por último Istambul, - é uma fundação grega do 7-o século a.C.

Depois do afluxo generalizado das tribos germânicas esta região se tornou estratégica, para ela removendo-se a capital do Império Romano, primeiramente para Nicomédia, depois para Bizâncio, em área especialmente construída, ali se instalando em 330 sob a nova denominação de Constantinopla.

Resistiu até 1453, quando caiu em poder dos turcos, passando à denominar-se Istambul. Exerceu Constantinopla a importante função de transmissora da cultura grega clássica aos tempos modernos.
Havendo Contantinopla mantido durante a Idade Média, na Itália, o exarcado de Ravena, teve aqui seu posto avançado, facilitando as relações entre Oriente e Ocidente.

Houvera um primeiro momento quando o Império romano se dividira, para de novo se reunificar. Quando Constantino reunificava o Império, e tendo tido o apoio dos cristãos, passaram estes a gozar de igual liberdade que os adeptos das religiões tradicionais.

Ainda que ele mesmo não fosse Cristão, Constantino não demorou em permitir o prevalecimento político dos cristãos. Dali resultou formar-se um poder teocrático através do qual o cristianismo, na forma oficial da Igreja Católica, se impôs, inclusive com uma estrutura hierárquica que imita o Império Romano. Em Roma, o anterior Pontífice passou a ser o bispo cristão, ou seja o Papa.
Neste novo estado de coisas, ganhou desenvolvimento a arte cristã, ao mesmo tempo que se destruía sistematicamente a arte pagã.

Finalmente redividiu-se de novo o Império o Império Romano. Em 487 cai definitivamente o Império Romano do Ocidente. De pouco em pouco estabeleceram novos poderes no Ocidente, com especial destaque o dos carolingeos, com sede na Europa Central. Novas línguas passaram a ser faladas, tendo o latim língua da diplomacia e das escolas.

814. Limitou-se, pois, a área de influência do Império Bizantino, de sorte a se formarem dois estilos cristãos paralelos, o bizantino e o românico. No Ocidente o estilo bizantino se mantém dominante apenas na região de Ravena. Fora deste núcleo, o bizantinismo se reduz a ser uma influência, a qual é caracterizada principalmente pelo linealismo, a frontalidade das figuras, o misticismo dos fundos dourados.

Cultivou a arte bizantina amplamente o mosaico, sua técnica difícil encontra dificuldades de representação dos volumes. O linearismo e o desenho plano se apresentam pois como sua solução. A frontalidade se torna uma consequência quase inevitável. O brilho natural dos elementos favorece a criação só misticismo, que está nos objetivos da mentalidade de época.

O afresco voltou ao uso nos séculos 11 e 12 como técnica mais barata, em contrapartida do material do mosaico, progressivamente mais caro. Cresceu então a liberdade do desenho e melhorou a representação plástica dos volumes.

A decoração dos escritos como iluminuras, a criação de ícones, a ilustração de escritos profanos permitiu diversas formas de arte transportável, que favoreceu não só o comércio de exportação, mas conduzia para longe a influencia da arte bizantina. Estas outras formas de arte permitiam também a escapar aos modelos da arte oficial, controlada com parâmetros dogmáticos e idiossincrasias.





Mencionamos algumas obras da pintura cristã antiga e de estilo bizantino.

Discípulos de Emáus, pintura de Roma, da catacumba de Pretestato, fim do século V. As linhas duras de desenho são fortemente vincadas contra um fundo luminoso. O impressionismo, já existente em outras criações antigas, se coordena com o misticismo da temática.

Justiniano e sua Corte, mosaico da Igreja de São Vital, Ravena, Itália, séc. 6-o. O painel histórico é de colorido brilhante, ambiente místico e abstrato. A área aumentada com pedrinhas de mosaico acentua as linhas do desenho e do brilho da composição.

Teodora e sua Corte, mosaico da Igreja de São Vital, Ravena, séc. 6-o.. De colorido brilhante, muito requintado, feminino, aristocrático.




 Estilo românico.

À medida que o Império Carolíngeo, criado em 800 por Carlos Magno, se dissolve, se aprofundam as diferenças dos grupos nacionais. O latim deixou paulatinamente lugar às línguas vulgares, às quais se deu o nome de românicas (hoje neolatinas). A denominação que diz estilo românico é de origem posterior, cerca de 1825.
Também a nova arte plástica se diferenciou da anterior bizantina e se veio a chamar românica. Já é um estilo bem definido no século X e atinge o apogeu no século 12. Com o advento do gótico, resiste na Itália até se dissolver posteriormente nas formas novas do Renascimento clássico.
O novo estilo, apesar das diferenças regionais, manteve técnicas comuns, como o arco e a abóbada.
São expressões arquitetônicas do estilo românico, as catedrais alemãs de Achen (ou Aix-la-chapelle), de Tréveris, de Worms, de Speyer, e na Itália a catedral de Pisa

 A pintura em estilo românico é primitivista, quanto ao seu adiantamento mental. Conserva do bizantino os fundos dourados e coloridos resplandecentes. Esta peculiaridade misticista se transmitirá ao gótico, para ser superada apenas pelo humanismo do século 14. Também se conserva na pintura românica a marcada frontalidade e justaposição dos figuras. A modelagem se processa com traços grosseiros e escuros.

O linearismo, que já vem do estilo bizantino, continuou a se acentuar em alguns representantes do românico (que o transmitem ao gótico), se atenua em outros, até se dissolver no século 14 no plasticismo humanista em Florença. Nestas condições o estilo românico deu origem ao gótico e ao mesmo tempo ao renascimento anti-gótico. Foi o caminho de trânsito da antiguidade clássica e bizantina para o gótico e o renascimento.
 
O estilo românico abandonou os mosaicos bizantinos em troca da pintura mural, decorando abóbadas e apsides das igrejas. Destes murais restam poucos documentários, por exemplo, em Colônia, Berlanga, Santo Isidoro de Leon.
 
Adverte-se para duas escolas românicas de pintura mural, a de fundos claros e a de fundos azuis. Mais ocidental e de tradição carolingea, a escola de fundos claros, com predominância do amarelo pálido, modela as figuras com mais vigor estático dos mosaicos bizantinos e destaca o luxo das vestes. Encontra-se em Berzé-la-Ville, século 11.
Os artistas românicos não praticaram a pintura portátil, mas sim a iluminura, a que deram um desenvolvimento admirável. Estão as iluminura sob influências bizantinas, de mistura com temas bárbaros (nacionais), que são árvores e folhas, animais estilizados e ricas cores.

 
III - Estilo gótico
(1200-1400).


Como nome, estilo gótico é uma referência à gente da tribo germânica dos godos (no caso dos visigodos), que se haviam estabelecido no sul da França e na Espanha.

O estilo gótico se diz em primeiro lugar de um tipo de arquitetura nascido na França, cuja característica é o uso do arco ogival, facultando grandes alturas sem muitas paredes, com um linearismo muito visível das estruturas de sustentação.

A dispensa de paredes de sustentação permitiu o vasto uso do vidro e a consequente iluminação. A consequência para a pintura foi a diminuição do espaço para o mural, podendo todavia emigrar para a pintura de cavalete e do vitraux, nascendo dali os grandes vitrais. Reapareceu também a pintura de cavalete, na forma de quadro ou retábulo.

Liberou-se ainda o gótico dos mosaicos e ícones, tão característicos dos bizantinos.
A escultura também assumiu um novo lugar, distribuindo-se em nichos fáceis de incrustar em diferentes posições junto às colunas e portais.

A pintura de estilo gótico é a que nasceu da influência do estilo que a condicionou. Deixa-se reconhecer prontamente por um marcado linearismo, sobretudo do drapejamento das vestes. Nisto acompanhou o aspecto exterior dos arcos e ogivas góticas, com os quais devia evidentemente harmonizar-se, tanto no seu aspecto, como em suas sugestões.

Não nasceu, pois, a pintura de estilo gótico em função a algum novo importante princípio interno à mesma pintura. O linearismo em si mesmo já era uma característica do estilo bizantino. No mais continua com os fundos dourados e a distribuição das figuras.

Quanto à arquitetura gótica, esta sim tomava seu ponto de partida em um princípio novo, que era a ogiva. Por sobre a nervura saliente o arco se sustenta com um reforço que lhe permite sustentar melhor as cúpulas. Principalmente o arco quebrado se adata à ogiva; além disto facilita a cúpula alongada, de onde se gerarem as longas naves.
Estes efeitos em cadeia, internos antes de tudo na mesma arquitetura, foram enfim condicionar a pintura, que se gotizou.
 
Ocorreu uma evolução interna da antiga arquitetura gótica para o gótico flamejante, mais gracioso em seu linearismo. Mais uma vez sofrerá a pintura o efeito externo do gótico arquitetônico, tornando-se ela também mais graciosa e versátil em suas linhas, como se observa na pintura de tendência linearista de Fra Angélico e do renascentista de Botticelli, em que o gótico finalmente se deixou superar.
O linearismo encontra seu campo próprio nas vestes, que, para o moralismo cristão medieval deviam ser abundantes.

Os temas do gótico vão sendo progressivamente influenciados pelas mudanças da economia, que vai saindo de sua forma anterior agrária feudal dominante para a economia manufatureira e mercantilista, geradora de crescimento das cidades e da burguesia, preparatória da Renascença. É sobre os rendimentos desta nova classe que as catedrais góticas vão sendo paulatinamente construídas. E assim também todo o seu elenco de artes, inclusive dos coloridos vitrais.

As carroças, que levavam as mercadorias, no retorno traziam com frequência pedras para a construção do edifício, o qual se ia erguendo como expressão fálica da comunidade em progressão. Os burgueses, ao darem a Deus, negociando com ele uma proteção para seus negócios.

A mudança das condições econômicas e a criação da burguesia facultou evidentemente novas funções para a arte, que não apenas a religiosa. A exclusividade desta é peculiar da sociedade agrária, sobretudo quando dominada pelas linhas de poder teocrático a que está frequentemente sujeito a estrutura política feudal.

Aparece agora timidamente a pintura profana, que de início será evidentemente gótica. Mas como o gótico, por suas potencialidades de sugestão, se presta antes para o misticismo, esta pintura de novo gênero tenderá para um não goticismo, ou para uma paulatina humanização da mesma.

Os painéis do Palazzo Público de Siena, criados pela volta de 1337 e 1339, por Ambrogio Lorenzetti, são de conteúdo político. Fazem-se também ilustrações de tratados científicos e calendários com motivos clássicos tomados a Esopo e Ovídio. Surge o retrato, de que um exemplo é o de João o Bom (1350-1364). O novo gênero terá continuidade na Renascença, que o cultivou amplamente.
 


Progride o gótico internamente ao desenvolver a terceira dimensão. Por este através ganha corpo o plasticismo e a humanização da pintura, em que Giotto representa um ponto de partida para um novo estilo. Vai desaparecendo o gótico sem que morra, transformando-se paulatinamente, para encontrar-se no estilo renascentista.

Bosch (+1528) e Grünwald (1528) já estão praticamente fora da pintura gótica, a cujo final eles ainda estão ligados.
 
A escola de Paris, do gótico flamejante, oferece um frontal de altar (guardado no Museu del Bargello, de Florença) episódios apreciáveis do mais característico flamejante em pintura.
Adoração dos magos é um tumulto de áreas de desenhos bem vincados e curvilíneos, elegantes e vivos. Admiravelmente, as linhas flamejantes se concentram nas vestes dos reis, que vêm chegando e já prosseguem em fila tumultuada, enquanto que o flamejar da virgem é mais sereno.
Crucificação, do mesmo altar Del Bargello, mostra um ritmo flamejante mais pacífico, ascensional e místico.
 
Gótico Sienense, de Siena, Itália, é uma concessão constante ao humanismo. Em Florença estão os principais representantes deste gótico.
Fra Angélico, também de Florença, é um gótico já com inspiração humanista.
 
Na Europa do Norte, Alemanha, a pintura gótica é mais analítica, minuciosa, do detalhe, como se fosse para ser vista de perto, ou "cheirada" como dirá depois. Rembrandt. Continua influenciada algum tanto pelas miniaturas anteriores. Não opera com as grandes sínteses. Mas o detalhe se encaminha para a representação do espaço e do volume, para a perspectiva e o claro-escuro; cresce o realismo da paisagem e do corpo humano, declinando a predominância emocional religiosa.



2 comentários:

  1. Ótimo trabalho de pesquisa !!!!!!!!!! Só que, no primeiro parágrafo, mais precisamente na sétima linha, ao invés de ROMÂNTICA, deve-se ler ROMÂNICA, não?????????

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  2. Ótimo trabalho de pesquisa !!!!!!!!!! Só que, no primeiro parágrafo, mais precisamente na sétima linha, ao invés de ROMÂNTICA, deve-se ler ROMÂNICA, não?????????

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