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terça-feira, 15 de abril de 2014

PINTURA IMPRESSIONISTA



Os impressionistas começaram como pintores de paisagem e se caracterizavam como "pintores da maneira clara".
Enquanto os impressionistas usavam a pintura cromática, fazendo a umas diferenciar as outras, os pintores do neoclássico tinham como técnica as diferenças tonais, em que finalmente predominava o escuro como principal diferenciador.
Esta técnica escura dos neoclássicos continuava ainda a haver nos realistas Courbet e Daumier. O interesse de pintar ao ar livre dava oportunidade aos impressionistas de determinar cuidadosamente a nova técnica, que inclusive mostrava haver diferença na luminosidade dos objetos com a variação das horas do dia e incidência da luz. A técnica de luz das paisagens foi a seguir levada para a prática da pintura em geral, como retratos e interiores.
Os impressionistas contavam também com as experiências científicas de Chevreul (1786-1889) e de Helmholtz (1821-1874) neste campo. Aplicaram à pintura as influências recíprocas das cores.
Efetivamente realçam-se as cores complementares, quando postas uma ao lado da outra, mais do que as cores análogas, que no disco se situaram lado a lado. Esta simpatia pelas cores complementares introduziu, portanto, mais rendimento pictórico, razão porque o artista as pode usar por um motivo meramente plástico, desatento se na realidade objetiva elas de fato ocorrem em tais combinações.
Equipados dos conhecimentos óticos, os impressionistas ficaram atentos às modificações que a luz do sol produz na coloração dos objetos nos instantes sucessivos do dia. Ocuparam-se em fixar estas variações, pintando aos objetos dentro de seu momento luminoso.


Aboliram a condição preta da sombra porque também ela contém alguma luz.
A pintura impressionista é, não obstante, objetivista, isto é, ocupa-se com o figurativo exterior, e não com o mundo interior. Não cuida da atmosfera sentimental, como fazia a pintura romântica, ao envolver aos objetos, com a sentimentalidade do apreciador. Mas retrata a pintura impressionista apenas da atmosfera objetiva, como ela rebrilha de fato.
O expressionismo será posteriormente introduzido, ocorrendo com isso novas formas de pintura moderna.
Quanto ao desenho, ele perdeu importância no impressionismo, embora tenha um tratamento peculiar. Posto o destaque no cromatismo sob os efeitos da luz, ocorrem rompimentos antes não vistos na arte neoclássica e realista.
Já não ocorre tanta diferença entre o desenho do impressionismo comparado com o maneirismo, barroco e rococó. A avaliação do desenho terá reconceituações em pintores modernos posteriores ao impressionismo.
Ocorreram fases no movimento dos "pintores da maneira clara". Dali as expressões pré-impressionismo (1860-1870), impressionismo (1870-1885), pós-impressionismo ( ou Neo-impressionismo) (1886-1920).




O Pré-impressionismo de 1860 a 1870, que já poderia ser denominado um impressionismo em sentido amplo, não contém ainda aquilo que será o mais característico do impressionismo, o rompimento luminoso das superfícies. O Pré-impressionismo, de que Manet (1832-1883) foi como que o presidente, descendeu diretamente do realismo. Buscando alguns destes novas maneiras de pintar, descobriram o realismo impressionista.


WILLIAM TURNER







As influências para o impressionismo derivam também dos românticos mais sensíveis à luz, e que por isso foram considerados seus precursores.
Esta função de pré-impressionionistas é atribuída a dois pintores românticos ingleses William Turner (1775-1851), autor de O grande canal de Veneza(Nova Iorque, Metropoolitano), Fundação de Cartago (Londres), Regata em Cowes (Londres, Museu Vitória e Albert), John Constable (1776-1837), autor de O campo de trigo (1826), Cavalo branco (1825). Ambos influíram sobre o maior dos românticos franceses Delacroix (1798-1863).
As telas de Turner (1775-1851) influíram sobre Monet e Pissarro, quando estes, durante a guerra de 1870, visitaram Londres. O tratamento da luz em telas como Sol nascente no nevoeiro (1807), Geada Matinal (1813), Iates no Solente (1827) lembram efetivamente o que os impressionistas levaram para adiante.
Escrevia Constable:
"Aquilo a que atendo nas minhas pinturas é a luz, o orvalho, a brisa, a florescência, a frescura".
Escreveu também Delacroix:
"Tudo se encadeia pelo reflexo. Pretende-se suprimir isto em pintura? Podemos, mas há, então, um pequeno inconveniente. É que a pintura é suprimida de golpe".
Introduzindo a separação das pinceladas, criou Delacroix a técnica própria dos impressionistas.


 






Edouard Manet (1832-1883), francês, com muitas viagens, inclusive ao Rio de Janeiro (1848), que, depois de não poder fazer carreira na Escola Naval, dedicou-se à pintura.
Em 1863 fez uma exposição de 14 quadros, chocando negativamente ao público. No mesmo ano o Salão rejeitou Le dejeuneur sur l’herbe (O almoço sobre a relva, Louvre) como indecente. Ainda em 1863 criou Olímpia (Louvre), aceito em 1865 pelo Salão, chocando este nu ao público pelo seu realismo. Novamente foi recusado em 1866 ao apresentar O tocador de flauta (Louvre).
Voltou finalmente a ser aceito em 1873 com O copo de cerveja O repouso. Mas é somente em 1873 no período Argenteuil que Manet adota plenamente as técnicas impressionistas das cores claras com pinceladas separadas, como se constata em No barco (Nova Iorque, 1874).
Manet pintou com rápidas pinceladas. Esta é uma técnica empregada pelo impressionismo sem ser ainda todo o impressionismo. Ocupou-se com a matização da luz e da atmosfera, com ressaltes cromáticos, de onde mais uma vez partirão os impressionistas, avançando até a falta de forma.
Os nus de Manet deixaram de ser alegóricos e mitológicos, como as Ninfas e Venus dos pintores até este tempo dentro de certo modelado. Este novo nu estava fora das estimativas morais da época, razão porque os responsáveis do Salão de 1863 rejeitaram O almoço sobre a relva representando uma mulher realmente nua, e chocou o público em 1865 diante de Olímpia também realmente nua. Mudada a opinião do público, uma subscrição adquiriu em 1889Olímpia para o Museu Nacional.



MANET


MONET


DEGAS


RENOIR


SISLEY
PISSARRO



O impressionismo (1870-1885): Manet, Monet, Degas, Renoir, Sisley, Pissarro. As raízes principais da pintura moderna estão no impressionismo, preocupado com a luz dissolvente sobre os objetos. Surgiu o movimento depois dos acontecimentos políticos da França de 1870.
Ao realizar a primeira exposição em 1874, o impressionismo ganhou seu nome. Um tanto por equívoco, assim chamou um crítico de arte a estes novos pintores, que acabaram por aceitar o nome em vista de certa adequação.
O quadro de Claude Monet, intitulado Impression, soleil levant (Impressão, sol surgente), apresentando uma cena de barcas num amanhecer de brumas, mostrava formas a se dissolverem nas vibrações da luz. Fazendo crítica mordaz, escreveu Louis Leroy sob o título "Exposição dos Impressionistas":
"Impressionistas na verdade! Estes homens agrestes, estes selvagens obstinados, desdenham - seria preguiça ou incompetência? - terminar seus quadros. Contentam-se em dar umas pinceladas para representar suas impressões. Que farsantes. Impressionistas!".
Consolidou-se por algum tempo (1870-1885) o movimento impressionista, operando com exposições: 1876 (já com a tabuleta "Exposição dos pintores impressionistas"), 1877, 1879, 1870, 1881, 1882 (esta a primeira bem sucedida).
Dali o impressionionismo passou a exposições internacionais.
Em 1886 há uma exposição bem sucedida em Nova Iorque, sob o título "Works in oil and pastel by the impressionists".




Pós-impressionismo (1886-1920). Quando da oitava exposição impressionista em Paris (1886) já se via nascer o pós- ou neo-impressionismo, entre os seus mesmos representantes, além de novos.
Num balanço, a situação gerada teve o seguinte desdobramento: pelas suas adesões, o impressionismo cresceu de 1874 a 1878. Manteve-se ainda forte até 1885, a partir de quando o passo lhe vai sendo atravessado pelas primeiras formas de expressionismo.
Mas persistiu, contudo, o trabalho dos remanescentes até cerca de 1920, além da expansão para outros países, onde obedeceu a diferentes cronologias.
Em 1874, ano inaugural, o impressionismo era constituído de Monet, Degas, Renoir, Pissarro, aderindo então também Manet e Cesane.
Mantiveram-se impressionistas ao longo de todo o curso histórico do movimento: Manet e Monet.
Quanto a Degas e Renoir desenvolvem-se pessoalmente em novas formas modernas.
Pissarro passou ao divisionismo e punctilismo de Seurat e Signac.
Também Cesane passou a um movimento novo, ao praticar o plasticismo, a partir de onde ocorreram derivações para o expressionismo, até mesmo porque Van Gogh, estabelecido em Paris de 1886 a 1890, foi influenciado sobretudo por este pintor.



Claude Monet (1840-1926), pintor francês 8 anos mais novo do que Manet, todavia com uma vida muito mais longa, tendo sido o apoio principalmente do impressionismo, a que sempre foi fiel. Desde cedo bem relacionado com os pintores de cores claras de Paris, Pissaro na Academia Suíça, Bazille, Renoir e Sisley no Atelier de Gleyre.
No decurso da guerra franco-alemão (1870) recolheu-se à Londres, onde conheceu a pintura luminosa de Joseph Turner (1775-1851) e John Constable (1776-1837).
Antes de regressar à França em 1872, passou algum tempo na Holanda. Trabalhou em atelier instalado num barco em Argenteteuil. Pintando com feitura luminosa, sem os tons terrosos e cinzas, com pinceladas de cores puras do prisma, pinceladas rápidas como se fossem vírgulas, Monet executou em 1872 o famoso quadro Impression, soleil levant (Impressão, sol surgente), levado à exposição em 1874.
O chefe do impressionismo, de tantas criações anteriores à inauguração do Salon d e 1874, continuou produzindo numerosas telas, dentre as destacam:Regata em Argenteuil (Louvre, 1872), Girassóis (Nova Iorque, 1881), Monte feno (1890), Catedrais (1893-1894), Crisântemos (1901-1904),Margem do Tâmisa (1901-1904), Veneza (1908).




Edgard Degas (1834-1937), pintor francês, participante do impressionismo, com 10 obras na exposição histórica de 1874.
Seu interesse contudo esteve no desenho e foi efetivamente aceito como um grande desenhista. A luz e a cor, ainda que a tivesse trabalhado segundo a técnica impressionista, não foram entretanto sua preocupação central, nem antes, nem depois de 1874. Por isso Degas não é o mais típico dos impressionistas.
Foi aluno do romântico Ingress. Na Itália preocupou-se com a pintura histórica, de onde seu quadro Moças espartanas (Londres).
A partir de 1885 se notabilizou pela pintura de bailarinas e mulheres nuas.
Retratou cavalos e pessoas, bailarinas e músicos, com especial predileção pelo movimento.
Ganharam apreço: Ensaio de Balé no palco (Louvre); O concerto (Nova Iorque, 1875-1877).




Pierre Auguste Renoir (1841-1919) é o impressionista francês mais gracioso e encantador. Também foi um dos mais bem sucedidos.
Romantizou-se a partir de 1881, quando em Roma analisou a arte de Rafael, com adesão também a pontos de vista de Ingress (neo-clássico ), Boucher e Fragonard (rococó), deles retirando o que tinham de mais gracioso e delicado.
A partir de 1890 pinta luminosos nus femininos.
Consideram-se como mais destacadas realizações de Renoir: Moinho de la Galette (Paris, 1876), As papoulas (Louvre, 1873), As grandes banhistas(Filadélfia, col. Tyson, 1884-1887), Gabrielle ao espelho (Genebra, col. Skira), Retrato de Claude (São Paulo, Brasil), Madame Charpentier e suas filhas (Nova Iorque, 1878), Leitora (Louvre, c.1876), Almoço dos barqueiros (Washington, 1881), As moças no prado (Nova Iorque, 1890).




957. O impressionismo se difundiu vastamente, a partir da França, e foi ser logo gerador de novos movimentos, principalmente do expressionismo.
Na Alemanha se destacou-se sobremaneira o pintor impressionista Max Liebermann (1847-1935).
Na Inglaterra notabilizou-se como impressionista o americano James Whistler. O maior talvez seja Walter Sickert (1860-1942).




958. Pós-impressionismo. pós-impressionismo ( ou neo-impressionismo) reúniu tendências que, a partir do impressionismo, caminharam de novo na direção do tema interior e do desenho.
Enquanto o impressionismo se ocupa com os objetos exteriores, ainda que sob o impacto da atmosfera, a nova orientação se transportou cada vez mais na direção do mundo interior, preludiando o expressionismo definitivo, que virá depois.
A circunstância do rompimento das superfícies bem definidas, no impressionismo, veio favorecer a expressão do mundo interior, que precisava desta liberdade. Sob este ponto de vista, o pós-impressionismo se pode definir como sendo o conjunto de escolas derivadas do impressionismo, - discordando deste, mas partindo dele, - situadas historicamente de 1885 para frente, alcançando pelo menos 1920. Entre outras se arrolam o neo-impressionismo (1885-1890), o Cubismo (1907), o Dadaísmo (1916-1920).


 






Divisionismo e punctilismo (1885) - Seurat. Denominado pela técnica empregada, divisionismo e punctilismo, este movimento estilístico teve seus predecessores no impressionismo e em Delacroix.
Os anteriores já faziam a divisão de cores em pinceladas justapostas, a fim de obter mais brilho, porquanto a cor empastelada não consegue o brilho que tem na natureza.
punctilismo, fundado em 1885 pelos franceses Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935), lança as cores puras em pontos justapostos. Unindo-se na impressão da vista, formam as cores intermédias. Por exemplo, pontos de azul e amarelo resultam em impressão de verde, pois o verde é composto da mistura de azul e amarelo. O resultado é de um brilho maior e peculiar.
O movimento, - que nascera do impressionismo, transformando-o recebeu adesões várias, como por exemplo do francês Camile Pissarro (1830-1903), bem como de pintores belgas, alemães, italianos, espanhóis, - encontrou resistências todavia. A morte prematura de Seurat, líder de valor, deixou a escola não; muito além de sua fase de primeiras experiências. Recebeu mais tarde, do governo francês, um museu.
Do ponto de vista temático, o neo-impressionismo envereda para as emoções do mundo interior. Não tendeu para a narrativa, aliás como toda a pintura cheia de luz do impressionismo não tendera. Colheu a impressão direta, com a respectiva emoção estética, das paisagens e sobretudo das cenas marinhas, mas também das flores, das vestes e das figuras femininas.

Seurat criou como primeira grande obra Cena de Banho (1883), recusada pelo Salon de 1884. Teve grande destaque: Domingo de verão na ilha de Grande Jatte – Une dimanche d’été à la Grande Jatte (Nova Iorque, 1884), de notável magia.

Paul Signac , também pintor, foi o principal teorizador do puntilismo e do neo-impressionismo, havendo apresentado um estudo minucioso da luz, no ensaio sobre pintura moderna De Eugène delacroix ao neo-impressionismo.


Camile Pissarro, que foi pontilhista por algum tempo, se destacou pelas suas paisagens de Rouen e Paris: Telhados vermelhos (Louvre), O chalé, a casa rosa (Louvre), A colheita (Louvre, 1876), Banhista na floresta (Nova Iorque, 1896), Boulevar dos italianos (Washington, 1897).







O plasticismo pós-impressionista de Paul Cézanne (1839-1906). Foi pintor impressionista francês, sem perder de vista alguns valores do realismo de Courbet e do romantismo de Delacroix. Ainda que já fosse pintor antes de aparecer o impressionismo, e ainda que fosse assimilado pelo impressionismo, vale pelo que veio a fazer depois do impressionismo, ao qual encaminhou para o plasticismo. Sua noção forte do desenho e das combinações plástica lançando mão das cores, não permitiram que se conformasse com a imponderabilidade impressionista.
Conduziu então o movimento impressionista para o que considerou seu reto caminho. Aliou-o com o desenho, combinando a plástica dos espaços com a plástica das cores. Nestas condições Cézanne é o precursor do cubismo e da pintura moderna da expressão intelectual abstrata.
Abandonou, ainda que não inteiramente, o claro-escuro e a gradação de tonalidades, que eram os instrumentos clássicos de criar os volumes e as distâncias. Os tons quentes e frios se tornam os novos meios de criar estes resultados. A isto chamou de modulação, linguagem corrente em música, e que se presta à pintura. Unindo a cor aos objetivos do espaço e da perspectiva, alcançou novos resultados.
Procurou também olhar os objetos da mesma tela a partir de várias posições. Assim os tornou mais presentes. O quadro começou a assumir o aspecto de um tapete, ou uma relva plana. Deixou de afigurar-se como algo que se olha na distância, a partir de uma janela.
Com o fim de aproximar o objeto, Cézanne torceu, por exemplo, o caminho, que dispara para a distância, fazendo-o em vez sair para trás de um bosque, ou de um edifício. O relevo, que ainda se conserva, se compara antes ao de um baixo relevo escultórico, que tudo mantém perto.
O tratamento passou, portanto, a ser bidimensional, com as características da própria tela. Dizia Cézanne que na natureza tudo se reduzia a cubos, esferas e cilindros.
Os objetivos de Cézanne se apóiam no desenho, antes de tudo. O desenho oferece a primeira oportunidade de alteração dos objetos. Na verdade, o realismo, que nada altera, não enfatiza o desenho. Miguel Ângelo, a quem Cézanne estudou e aproveitou, exercera o desenho com notável segurança, ao transformar os músculos dos personagens.
No final de sua vida, os quadros de Cézanne se encaminham para um desenho cada vez mais geométrico, realçando a preocupação das estruturas. Esta análise, levada a uma ênfase cada vez maior, resultou, por volta de 1908, no cubismo de Picasso e Braque.
Obras de Cézanne: A casa do enforcado (Louvre, 1872), Dálias em um vaso de Delft (Louvre, 1879), Os jogadores de cartas (Louvre, 1888), As grandes banhistas (Filadélfia, 1900-1905).

  

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