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segunda-feira, 14 de abril de 2014

BARROCO NOS PAÍSES BAIXOS

  


Depois de 1609, as tréguas entre a Espanha e os Países Baixos, oferecem a estes, ainda que divididos agora, oportunidade de progresso notável.


No Sul católico (Bélgica) a arte da pintura barroca teve seu expoente máximo em Rubens (1577-1640), tendo por discípulos Van Dyck e Jordaens.


No Norte (Holanda) a grande figura está em Rembrandt (1606-1669), ao lado de Franz Hals e Vermeer de Delft.


Comparando, talvez no barroco belgo-flamengo a nota seja a de mais vivacidade, que o do holandês mais calmo.



Rubens (1577-1640), havendo nascido em Siegen, na Westphalia (Alemanha), viveu em Antuérpia, na Bélgica. Trabalhou longos anos na Itália. Esteve também em Paris e Espanha.
Expressou-se com possança imaginosa e viril. Admite ser comparado a Miguel Ângelo, sendo todavia mais quente e pictórico. Rubens foi toda mais animado e barroco do que este.
Assimilou o colorismo dos venezianos e a técnica dos flamengos, formando um estilo pessoal.
A temática de Rubens se projeta com luz, energia, movimento, vitalidade, saúde mental, profundeza de alma. As figuras são titânicas e fortes; têm impulsividade dramática, força muscular abundante, o que se exprime em formas imensas e luz sem medida, até mesmo nas atuantes figuras femininas. Tudo em todos é vitalidade, energia e graça vigorosa, elegância forte e muita beleza
As 3000 obras de Rubens são todavia de valor desigual, mas nenhuma é medíocre.
São obras extraordinárias: Adoração dos Magos (Museu do Prado, 1609); Quermesse (Louvre, 1636-38); Jardim do Amor (Museu do Prado, 1632-34).
Os motivos clássicos antigos receberam um tratamento peculiar da possança imaginosa de Rubens, do poderio, do titanismo, da dramaticidade, que se revela em volumes entumescentes e cores abundantes ao modo barroco.
Rapto das filhas de Leucipo (Munich, 1615-1617) é um vigoroso redemoinho de formas rolantes de volumes femininos, homens e cavalos, de que todos participam.
O estado interior permanente e não só o momento instantâneo é alcançado por Rubens em seus retratos. Neste sentido, se aprecia Helena de Fourment(Viena, 1638), que faz transparecer na luz fisionômica a ternura íntima do estado de alma permanente desta mulher.
A frescura própria da idade dos onze ou doze anos aparece também no retrato dos filhos Alberto e Nicolau (1625), de Rubens.






Rembrandt (1606-1669) holandês, inicialmente em sucedido com os rendimentos de seu quadros, caiu na pobreza, porque foi um gênio incompreendido pelos seus contemporâneos. Na verdade, porém, foi um dos pintores mais admiráveis de todos os tempos, sobretudo no que diz respeito à expressividade interior.


Operou mediante o claro-escuro, fazendo desaparecer contornos, com o fim de despertar perspectivas de interesse, inclusive das manifestações profundas. Preocupado com o mundo invisível, infundiu sentimento aos objetos materiais. Em si mesmos pouco significativos, foram valorizados na pintura de Rembrandt.


Haja vista a Lição de anatomia (1632), o Boi esfolado (Louvre), ou as paisagens holandesas.
Em Peregrinos de Emaús (Louvre), exprimiu até mesmo a sensação de silêncio dos dois a escutar o desconhecido.


Bethsabé no banho (Louvre, 1654), ao ouvir as declarações de amor de David, manifesta um olhar de sonho, ainda que surpreendida desnuda.
Foi sempre muito anotada a coesão moral e não apenas a forma das composições de Rembrandt. A atenção concentrada une os Síndicos dos tecelões(Museu de Amsterdam, 1661). O mesmo ocorre na Lição de anatomia, que representa os olhos na direção do interesse da lição. O claro-escuro, processo adotado por Rembrandt, foi, aliás, sempre um processo adequado para eliminar os objetos e áreas que não participam da obra.


Entre as grandes obras de Rembrandt, é apreciada ainda Filósofo em meditação (Louvre).



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