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segunda-feira, 14 de abril de 2014

O CLASSICISMO RENASCENTISTA









Introdução. O Renascimento é mais que um movimento artístico; é todo um novo modo de pensar antimisticista a respeito do mundo exterior e do ser humano, colocado agora como o centro da atividade pensante e dos objetivos de realização.


Para o movimento artístico, sobretudo das artes plásticas, o Renascimento é o exaltação da beleza física do homem e da mulher cujos corpos a Idade Média havia mantido escondidos e exorcizados para que não fossem objeto de pecado para a vista e ocasião de más ações para as mãos.


Na figura humana medieval somente há um rosto e duas mãos. Uma nova visão traz subitamente para primeiro plano da expressão artística o corpo humano. Até o Jesus dos crucifixos é agora um ser mais natural. De outra parte, como esta visão realidade já existira ao tempo de Grécia Clássica, sua retomada passou a ser denominada adequadamente de Renascença.
O nome Renascença (no francês Renaissance) como designação do período de renovação que se seguiu à Idade Média pela retomada dos ideais gregos, surgiu no século 19 na França, firmando definitivamente com a obra de Jules Michelet La Renaissance (1855).


Na língua portuguesa, para contestar como galicismo o nome de Renascença, introduziu-se o de Renascimento. Todavia firmaram-se ambos os termos; mas é evidente que o de Renascença, que pela origem, quer pela singularidade, é mais expressivo. A adjetivação renascentista se tem de fazer contudo através de renascimento.
Humanismo é um nome quase equivalente ao de Renascença, porque usado para expressar seu conteúdo, o homem. Por causa do passado semântico deste nome, ele conota sobretudo a renovação das letras humanas como distintas das letras divinas ou sagradas. Humanistas são portanto, em primeiro lugar, os homens de letras do Renascimento. Deve-se ao alemão Georg Voigt o uso de humanismo para denominar este período, em obra publicada em 1859.
Mas os homens do Renascimento não estavam preparados pra os novos ideais humanos. Um longo esforço foi preciso ir sendo feito, até alcançar uma normalidade relativa. Enquanto isto ia demorando, a Renascença pagou caro.


Não havia uma suficiente ciência histórica para julgar sobre uma religião que vinha de um longo passado. Em consequência as reformas religiosas foram muito tumultuadas.


Não havia conhecimentos científicos matemáticos, físicos, químicos. Em decorrência proliferou a alquimia, a astrologia, o empirismo da navegação, até que viessem Copérnico, Galileu, Descartes.
Não havia uma biologia, para obstacular doenças. E uma grande massa morreu da sífilis que aparecera à época do Descobrimento da América. Desta catástrofe nem mesmo escapou o rei Henrique VIII da Inglaterra.


Não havia uma ciência social, um direito internacional, e nem princípios claros de um ética humanista; dali decorreu uma política das mais interesseiras, movida por vezes por por homens sem caráter, por exemplo, Cesare Borgia (filho do papa Alexandre VI) e doutrinadores como Maquiável. O mundo foi dividido entre Espanha e Portugal pelo Tratado de Tordezilhas, pelo Papa Alexandre VI, provocando a reação do Rei da França, que perguntou, se isto estava escrito em algum lugar da Bíblia.
Era necessário todavia aprender fazendo, como na democracia em que se acerta o passo praticando-a.
No despreparado científico e histórico se motiva o anacronismo com que a arte cristã renascentista realizou a pintura religiosa de acontecimentos bíblicos. Em alguns presépios o nascimento de Jesus aconteceu ao som do violino, de descoberta recente! Os apóstolos de Jesus se vestem como cortesões. Maria, mãe de Jesus, é uma dona européia do tipo princesa. O mesmo Jesus dificilmente se parece com um judeu.


Veio, pois, o ideal do Renascimento e os pintores não estavam preparados para expressarem o gênero histórico ao qual se propunham. Foi um virtuosismo sem validade de conteúdo!
De qualquer maneira os renascentistas preencheram o vácuo que a Idade Média havia deixado no campo da pintura.


Cronologicamente, a Renascença é o período clássico dos povos modernos, vai desde a Proto-renascença do século 14, passando pelo Pré-renascimento do século 15, Renascimento Clássico do século 16, continuando pelo Pós-renascimento, Barroco, Rococó, até o Neoclássico do século 18, para ainda entrar no século 19, com Napoleão (Estilo Império).
As novas idéias surgiram no centro da Idade Média, em diferentes camadas intelectuais, quando se citam em primeiro plano os literatos italianos Francisco Petrarca (1304-1374) e João Bocaccio (1313-1375) e o pintor florentino Giotto (1267-1337). Esta é a fase por vezes denominada Proto-renascença que, na pintura consiste no rompimento com os padrões bizantinos, que vigoravam ainda no Ocidente.



Na fase seguinte chamada do Primeiro Renascimento (1420-1500) ocorrem na pintura: Masaccio, Pierro della Francesca, Filipo Lippi, Botticelli. Pintaram tipos idealizados e reforçaram a unidade da composição.



A plenitude do Renascimento se dá no século 16, quando assume a denominação de classicismo, ou Renascimento clássico, ao qual sucede o Pos-renascimento. Enquanto Bramante, Palládio e Miguel Ângelo são os arquitetos do Renascimento clássico, e ainda Miguel Ângelo eminente pintor, ao lado de Rafael e Leonardo da Vinci.



A partir de 1500 desenvolveu-se o classicismo em três fases: século 16 (escola quinhentista), século 17 (escola setessentista, arcádica, néo-clássica). Observa-se, por conseguinte, que os tempos modernos principiaram sob inspiração clássica. Tudo isto se apoiava também na filosofia do tempo, principalmente a cartesiana, que continua acreditando na existência dos universais. O empirismo já nascente se desenvolverá tão só posteriormente, quando se prestará como filosofia do anticlassicismo.
Em resumo, no Renascimento a arte é idealizadora, isto é, de espírito clássico. Esta idealização chegará à plenitude nos séculos 15 e 16.



Em função a esta perspectiva, o século 14 anterior, - como se disse, - foi denominado Pré-renascimento, com um classicismo tímido, e os séculos posteriores de Renascimento Clássico.
O Pós-renascimento se chamará também barroco. Repete-se o fenômeno antigo do Pré-clássico de arte arcaica grega, seguida da idealização clássica e da ligeira liberalidade helênica.

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