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sábado, 12 de abril de 2014

PSICODINÂMICA DAS CORES EM GERAL



 



Nenhuma cor é feia. A cor é apreciável em si mesma, em absoluto, qualquer seja ela.


Ainda que a atração de cada cor específica seja desigual, a referida atração sempre ocorre em algum grau. Isto resulta do fato mesmo de a cor ser o objeto formal (isto é, específico, ou essencial) da visão; é a cor aquele objeto que dá a forma essencial a esta espécie de conhecimento.


Assim também acontece em outros planos do sensível, sempre que a questão for de objeto formal nenhum som isolado é desagradável, nenhum odor é malcheiroso.


Há cores quentes e frias, leves e pesadas, calmantes e excitantes, de alívio e opressivas; cada uma das cores goza de tais propriedades em função ao que as cores são em si mesmas.


Pode-se antever que os efeitos psicodinâmicos da cor são de grande volume e variados, por causa da predominância do sentido da vista sobre todos os demais sentidos.


Este grande efeito psicodinâmicos das cores ainda ocorre em virtude da considerável diversidade das cores, sua gradação de luminosidade, diferença de intensidade, além da variação dos espaços e formas das áreas coloridas.

Não é sem sentido que facilmente se responde a quem pergunta,
- como vai?
E segue a pronta resposta:
Tudo azul! Ou,
- A coisa está preta!.
E por que usamos expressões, tais como: cores alegres? Cores vivas? Cores quentes? Cores frias? Cores festivas? Cores de luto?


Não se trata apenas de um falar. Há uma psicodinâmica a comandar um importante processo, a que está atenta não somente a psicologia, que estuda apenas teoricamente a ação das cores, mas também o técnico, inclusive o artista da cor, para adequadamente dispor os elementos coloridos com vista a resultados.

A preferência do indivíduo por determinados efeitos psicodinâmicos da cor, pode servir de sintoma para revelar sua índole temperamental e mesmo o caráter que formou.


Já que as cores estimulam em direção de determinados comportamentos, o interesse por esta ou aquela cor e as circunstâncias em que isto acontece, informa sobre a pessoa mesma.

As circunstâncias poderão interferir e determinar o apelo diferenciado às cores. Há também interferidores no uso das cores contra as propriedades psicológicas das cores. A moda, por exemplo, determina preferências, que podem não ser as da inclinação espontânea. As cores determinadas podem não definir com precisão o caráter e a índole da pessoa que a usa. Também por motivos funcionais, sobretudo terapêuticos, uma cor poderá ter sido eleita exatamente para reverter uma tendência.

A psicodinâmica das cores poderá determinar comportamentos complexos.

Por exemplo, - se um homem subitamente se interessa por gravatas vermelhas, ou uma mulher passa a vestir-se mais vezes de cor-de-rosa, - algo inconsciente pode estar comandando este comportamento. Um homem poderá estar no empenho de conquista de uma parceira, ou a mulher na conquista de um parceiro.

Portanto o súbito interesse pelo vermelho (a cor mais sexual e mais ativa) denotou a vitalidade sexual notória do homem ou da mulher que manifestaram o fenômeno. Naquele momento a denotação se manifestou em algo especial, como a do novo relacionamento sexual a cultivar.

Cor e personalidade. Vagamente, os tipos de personalidade conseguem ser determinados pela cor e as complexas circunstâncias em que são utilizadas. A tudo isto não está atento apenas o psicólogo, mas o artista que põe a seu serviço os resultados da observação da psicologia, para colocar a cor certa nas criações de suas expressões em cor.

Qual é o seu mesmo tipo? Usa o vermelho? Poderá ser um extrovertido, corajoso, dado à ação.
Usa cores, mas em contrastes fortes com o preto? Poderá ser do tipo dramático.
Prefere mesmo o preto com tonalidades escuras? Talvez será do tipo empreendedor. As cores claras talvez as use somente, num e noutro caso, como algum ornamento ou no chapéu, ou no pescoço, ou no cinto, ou nalgum objeto que o acompanha.
Prefere o amarelo? Dizem algumas pesquisas que é um intelectual, um idealista, um humanitário e poderá casar com personalidade de qualquer outra cor...
Gosta de verde? Poderá ser do tipo compreensivo e de visão universal, que é tolerante, liberal, habituado a compreender o problema dos outros.
Gosta de cores frias claras, com o branco como contraste? Talvez seja um conversador. Também poderá ser um conversador, se prefere o azul, ou mesmo um introvertido.
Se for um homem e gosta de cores pastéis suaves, vezes usadas sozinhas, vezes combinadas com escuras? É do tipo feminino, delicado e equilibrado, na fronteira onde ambos os sexos se encontram e melhor se compreendem.
  

I - Cores quentes e frias; leves e pesadas; calmantes e excitantes.


Pelos efeitos psicológicos mais intensos, as cores provocam uma gama de sentimentos, que podem receber a mesma classificação dos próprios sentimentos como se processa na psicologia.
Usualmente se destacam dicotomicamente em:
- cores quentes e frias,
- cores leves e pesadas,
- cores calmantes e excitantes.
Mas podem ser ditas também: agressivas, dinâmicas, fortes, poderosas, atraentes, repelentes, desejadas, amadas, agradavelmente sensuais e sexuais.


Quentes e frias. Consideram-se cores frias, ou deprimentes, as que no disco das cores, estão na área do azul. Portanto, para além do azul, dos tons e das compostas: azul-verde, o verde, o amarelo-verde, ainda azul-violeta, violeta, vermelho-violeta

Estão, pois, na divisa; amarelo-verde e vermelho violeta.
A outra metade do círculo das cores é considerada quente: vermelho, vermelho-laranja, laranja, amarelo-laranja, amarelo.
Portanto, são cores quentes, duas fundamentais, - vermelho e amarelo, - e os seus respectivos tons.
Não o são todas as compostas; sim, - quentes, - para os tons laranja (composta de vermelho e amarelo); não para o verde (composto de amarelo e azul); não para o violeta (composta de vermelho e azul).

Leves e pesadas. As cores pesadas e leves possuem disposição ligeiramente diferente, visto que o vermelho se desloca para a região de pesado, onde se coloca juntamente com o azul; em vez, o verde se eleva à região do leve.

São cores pesadas; violeta (a mais pesada), vermelho-violeta, vermelho, vermelho-laranja (no limite à esquerda), ainda azul-violeta, azul, azul-verde (no limite à direita).
São cores leves; amarelo (a mais leve), amarelo-laranja, laranja, encontrando no limite vermelho-laranja (à esquerda), ainda amarelo-verde, verde, com azul-verde no limite (à esquerda). O claro aumenta a delicadeza de qualquer cor. Verifica-se no rosa, lilás, verde-claro, cinzento, amarelo marfim.

 Calmantes e excitantes. São cores tranquilizantes, ou calmantes as que levam ao descanso. Tal são o azul e o verde.

São cores excitantes ou estimulantes as que levam ao movimento e à ação. Tais são o vermelho e o amarelo.


Todos os efeitos psicológicos da cor se devem geralmente à luminosidade variável que apresenta, mas algo também à espécie de cor e à associatividade, sobretudo de vivência.
Seria a impressão térmica, no caso das cores quentes e frias apenas associativa? Certamente há uma psicodinâmica de base. À esta se acrescenta a associativa quando eventualmente ocorre.
Por causa do seu frequente caráter amarelo, associamos a luz ao calor. Semelhantemente, outros objetos quentes e de índole clara podem produzir impressão de calor. E assim, mais uma vez, se constata o efeito das cores quentes.
Por associação inversa, o azul dos dias invernais, ou do céu fresco, produz a sensação térmica fria. No caso acontece o contraste entre a luminosidade das cores quentes e a pouca luminosidade dos objetos frios. Mesmo que a neve ou o gelo brilhem, o que efetivamente produz o brilho é a luz.
Parece ainda que não é só. As cores brilhantes estão acima da capacidade normal da vista. Por esta razão elas excitam, já antes de qualquer associatividade.
Mais uma vez, complexamente, as cores brilhantes poderão, por acréscimo associativo de imagens, atrair a imagem térmica.
As cores frias não excitam, de sorte que poderão associar o frio.
E as cores leves e pesadas? Outra vez, apesar da psicodinâmica de base, em tudo se acresce a associação de imagens, com origem em certas propriedades das cores.
Excitando, criam as cores ambientes enérgicos e as coisas não parecem pesar. Mas, quando não excitam, elas têm feições pesadas. A leveza alegra, o peso oprime.

A graduação de luminosidade da cor, se exerce de maneira a haver mais estímulo à proporção que a cor se elimina, com uma direção calmante na direção descendente, da iluminação.
O amarelo e o vermelho são ditos cores estimulantes; o amarelo é energético.
O azul é calmante; são também calmantes o verde (azul com amarelo) e o violeta (azul com vermelho).
A sábia escolha das cores. Frente à psicodinâmica das cores importa uma certa sabedoria no uso das mesmas, tanto na arte, como no nosso comportamento diário.
As pessoas passivas e fleugmáticas tendem para as cores calmas. Podem com isto agravar seu estado de opressão. As cores estimulantes as levariam para um ritmo superior.
Aos emotivos, entretanto, se aconselha buscar as cores calmantes, ainda que apreciem as enérgicas.
Os indivíduos normais podem eleger as cores que apreciam, quaisquer sejam, fazendo-o normalmente, distribuem, por exemplo, numa casa, as cores conforme as funções a exercer em cada recinto. Escolhem para suas vestes aquelas em que se sentem melhor.
De maneira geral, pois, há mais receptividade pelas cores mimosas ou pelo menos exercem tais cores mais ação sobre o indivíduo, tal como os ritmos ligeiros na música.
O artista, ao estudar as cores de sua obra, escolherá de antemão a cor como convir à sua expressão: quente ou fria, leve ou pesada, estimulante ou repousante. Sabendo o que há a exprimir, saberá querer as cores adequadas.


O pintor usualmente é um psicólogo das cores.



Existe um grau de luminosidade espontaneamente aceito pela vista. Abaixo, a vista não se contenta; acima, vê-se por demais solicitada.


Esta situação há de ser levada em conta na interpretação das cores.


O mesmo ocorre nos demais sentidos; certo calor é admissível; abaixo, deseja-se mais calor; acima, torna-se indesejável.


No ouvido, o som natural mantém a vibração nervosa em um tonus agradável; abaixo, o ouvido sente falta; acima, o excesso do estridente o irrita. O músico, operando com os fortes e pianos, explora esta situação.


O forte em cor e som, é sempre solicitante. Excita a atenção. Mas, a seguir cansa. E se passa a desejar não mais ouvir e nem ver. Ora, é o que exatamente sucede com as cores vermelha e amarela; depois de uma alta solicitação, passam a cansar.


O controle desta situação se opera da seguinte maneira: usam-se as cores fortes em áreas menores, de acordo com o seu desejo; usam-se com todo o poder, quando a função de fato as requer.


Em virtude do instante natural da atenção da vista, as cores são repousantes, quando se colocam neste nível; são oprimentes, quando abaixo; excitantes, quando acima.

Ainda por causa desta situação, variam necessariamente os gostos. Aliás, não se trata de gostos, mas de graus desejados ou indesejados de excitação.


As pessoas inclinadas ao repouso visual, desejam certamente o menor brilho; então se inclinam para as cores calmas.


Diferentemente, pessoas excitadas, temperamentais, sobretudo agressivas, tendem para as cores quentes, pois estão na mesma linha de excitação.

Sobre os efeitos psicodinâmicos das cores mais insistentes e das acalmantes se narram muitas experiências da vida cotidiana.

Diz-se que as brigas entre os operários de uma oficina diminuíram ao ser substituída a cor vermelho-escura das paredes, pelas de tonalidade verde clara.


Afirma-se que operárias de um país frio continuaram a reclamar frio, mesmo depois de instalado o aparelhamento de ar condicionado na altura ideal dos 22 C.; substituída a cor verde das paredes por tonalidades de laranja, sentiram-se bem.

Adverte-se também que o amarelo e o vermelho, pela sua excitação retiram o apetite, quando, em restaurantes ocupam grandes áreas.


Verifica-se também que os viajantes, em aviões pintados no interior de verde e azul, se mantém mais tranquilos.




Aponta-se para a diminuição dos suicídios na "Blackfriar’s Bridge", quando esta ponte preta sobre o Tâmisa, em Londres, recebeu a cor verde brilhante


ENCICLOPÉDIA SIMPOZIO(Versão em Português do original em Esperanto)

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