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terça-feira, 15 de abril de 2014

ESTILO NEOCLÁSSICO

  

A volta ao clássico, agora denominado neoclássico, se deu em circunstâncias sócio-culturais e mesmo políticas diversas daquelas que geraram o clássico do Renascimento.
Surgindo como reação em favor do clássico, os princípios deste já não dispunham do embasamento filosófico tradicional. Os excessos do maneirismo, do barroco e do rococó não tinham mais como ser desfeitos com o salto ao extremo oposto. Se contudo este extremo oposto foi tentado pelo neo-classicismo, não teve condições de durabilidade, ocorrendo um retorno próximo ao centro, para o romantismo.
 
De agora para a frente o mundo tenderá para o liberalismo e a democracia, ainda que tumultuadamente.
Em meio aos tumultos ocorrerão sempre as reações absolutistas, como por exemplo o do absolutismo napoleônico contra a anarquia gerada pela Revolução Francesa, de 1789. Em si mesma válida, esta revolução perdeu seu curso normal, e acabou por abrir espaço aos excessos do absolutismo, ao mesmo tempo que dava lugar aos extremismos do neoclassicismo.
 
Portanto, dentro do ponto de vista formal, ou filosófico, reafirmaram-se com o neo-classicismo os conceitos universais e eternos, mas sem todavia reaquirirem a mesma incidência dos conceitos universais e eternos, como haviam sido estabelecidos na anterior filosofia, com base expressa em Platão e Aristóteles.
O racionalismo moderno não é mais o mesmo de antes. O novo racionalismo, qual seja o do subjetivismo apriorista kantiano e idealista em geral, não é mais ontológico.
Paralelamente cresceu o poderio do empirismo e positivismo, essencialmente individualistas e contrário a qualquer absolutismo.
Convertidos os absolutos do idealismo filosófico em apriorismos do indivíduo, a partir dali foi ocorrendo a gestação do romantismo, abalroando as bases do neo-clássico.
Foi sobretudo no ambiente do idealismo subjetivo que se desenvolveu o romantismo. Por isso, tão logo o frágil neoclassicismo ceder lugar no palco da história da arte, o romantismo será o seu sucessor imediato. Nele se dissolverá o neoclássico, até que finalmente, tudo deságue no realismo e modernismo.
 
Por fora do quadro artístico ocorreram reações sociais. Na Franca, o crescimento das idéias liberais e republicanas deu origem à explosão revolucionário de 1789. Contra os demandos desta mesma revolução, surgiu o absolutismo reformador de Napoleão, que teve ação até 1714.
Ora, em função deste clima o neoclassicismo veio a se denominar também Estilo Império. Passados estes fatores eventuais de geração do novo estilo, passou o neoclássico a sobreviver, algum tempo, na oposição ao romantismo, pelo qual foi contudo finalmente vencido.

 
As primeiras manifestações do neoclassicismo, opondo-se ao estilo barroco e rococó, já se observam no Petit Trianon, realizado em 1762-1764, com colunas jônicas, em meio ao conjunto palaciano de Versalhes, por Jacques-Ange Gabriel.
A notável realização do Petit Trianon despertou o interesse pela harmonia e proporção da arte antiga.
 
Também os novos achados arqueológicos criaram um novo sentimento de simpatia pela arte clássica.
As escavações em; Herculanum se realizavam desde 1719. Em Pompéia, desde 1749.
 
Consolidam-se teoricamente as novas idéias sobre o antigo com a publicação da obra de Frederico Winckelmann História da Arte Antiga (1766), ilustrando e complementando seu anterior ensaio Pensamentos sobre a imitação das obras da arte grega (1755).
Para Winckelmann a arte busca o belo; este não se encontra na natureza, devendo ser procurado como idealização, o que a antiguidade clássica já havia feito, e que se deveria agora retomar.

 
VOUET


Em pintura, o neoclassicismo foi logo adotado por Vouet, que tem por discípulo Jaques-Louis David, o que por sua vez teve também um grande discípulo em Jean-Auguste-Dominique Ingres. Estes artistas exploram a imobilidade majestosa e deixando a mobilidade do rococó a título de ilusória.
A filosofia destes neoclássicos firmou o rigoroso estoicismo da Velha República Romana. O nu artístico praticado pelos neoclássicos não é o nu real e movediço da graciosidade rococó, e sim o nu ideal. No mito e na alegoria é mais fácil encontrá-lo. Dali resultou também o predomínio do desenho sobre a cor e a eliminação da teatralidade, dos contrastes, das tensões, peculiaridades ao barroco e ao rococó.


 
Jacques-Louis David (1748-1825), pintor parisiense que chegou a ser deputado, e ficará no exterior, em Bruxelas, depois da derrota de Napoleão. Estudou desenho com Joseph-Marie Vien, um egresso da arte rococó.
Por influência de Vouet, define-se pelo neoclassicismo em 1771, quando de seu quadro Combate de Minerva e Marte (Louvre). Em 1772, por efeito de um prêmio, partiu para a Itália, visitando as escavações de Pompéia. Seu virtuosismo artístico o fizeram ser logo admirado como o chefe do movimento anti-rococó, sobretudo a partir de O juramento dos Horácios (1784), que é apenas um da série sobre temas da república romana.
Deputado da Constituinte, propôs a criação do Museu do Louvre. Votou pela morte de Louis XVI.
Pintou cenas revolucionárias: O juramento do Jeu de Paume (Versailhes, 1791), Marat assassinado (Bruxelas, 1793), As Sabinas (Louvre, 1804).
Com a ascensão política de Napoleão, - ou seja, de; um gênio militar e político, de um grande reformista, que deu combate também ao colonialismo inglês em favor de um próprio, o francês, do qual se tornou o Imperador em 1804, - tornou-se Jacques-Louis David, também este um político, o pintor oficial da Casa Imperial, no mesmo sentido, como os reis anteriores tinham o seu.
Do período Império são: Sagração de Napoleão (Louvre, 1805-1807), Distribuição das águias (.....), e um sequência de Batalhas.
Destacam-se também os retratos: Madame Recamier (Louvre, 1800), Napoleão a cavalo (........).
Nos últimos trabalhos de Jacques-Louis David retorna ao severo neoclassicismo anterior. Este aliás, por algum tempo parecia estar cedendo por alguns sinais de romanticismo. Deste final é Marte desarmado por Venus (Bruxelas, 1825).

 
923. Jean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867), pintor francês formado no atelier de Jacques-Louis David. Seguiu em 1806 para Roma, ali permanecendo 18 anos, sempre pintando sob a influência de Rafael.
Destacou-se no desenho, que é aliás peculiar ao neoclassismo, de que foi o maior representante neste particular.
No seu período, - pois sobreviveu 42 anos a Jacques-Luis David, a dialética do neoclassicismo já não é com o rococó, mas com romantismo, que tem em Paris um dos seus representantes máximos em Delacroix. Para ali houvera Ingres retornado por algum tempo Ingres. Mas seguiu de novo para Roma como Diretor da Vila Medici.
Todavia, apesar de ser um neo-clássico, a espontaneidade do desenho delicado e sensual de Ingres, o colocam muito próximo do romantismo.
 
Criou para a rainha Carolina, de Nápoles, uma obra prima: Grande odalisca deitada (1814).
Outras obras: Rogério salvando Angélica (Louvre, 1819), O banho turco (Louvre), A fonte (Louvre), A pequena banhista (Louvre), Venus Anadyomene(Chantilly), além de inúmeros retratos.



 



Francisco José de Goya (1746-1828), pintor espanhol com um estilo multifácies, que viveu ao longo do tempo que durou o neoclassicismo, cujas qualidades ele tem, mas não se define apenas por elas certamente. Ele saiu do rococó, no qual iniciou, e adiantou elementos do futuro, que já começava no fim dos seus anos, com o romantismo, ao qual não se ligou, futuro que adiantou também em relação aos impressionistas e expressionistas modernos.
Como colorista está relacionado com o final do barroco e rococó, explorando as cores sobretudo para os efeitos severos e expressionísticos. Como desenhista tem o poder dos neoclássico, tendo se encontrado em Toma como o chefe deles, Jacques-Louis David. Retorna em 1774, trabalhando desde então para a corte de Madrid, tornando-se enfim seu primeiro pintor em 1799. Em decorrência pintou A família de Carlos IV (Prado, 1800) e outros retratos da nobreza.
Mas, desde 1792 Goya estava surdo, o que contribuiu para o seu ensimesmamento, exploração de temas expressionistas, crítica social, um certo caráter doutrinário, aliás próprio do intelectualismo do neoclássico. É a partir de sua surdez, 1792, que ingressou na fase de suas grandes telas. Mantém-se reservado durante a ocupação da Espanha por Bonaparte. Restaurada a corte em 1814 por Fernando VII, o qual restabeleceu também a Inquisição. Goya que houvera pintado duas majas (=moças) - Maja vestida e Maja desnuda (1800-1805) - teve de responder ao interrogatório inquisitorial do porquê daquela moça despida.
 
Sempre expressivo, Goya criou os retratos e cenas da corte como o reflexo da vida interior dos personagens. Preferiu as pessoas em seu aspecto natural, sem as sofisticações dos vestuários cortesãos da época, ainda que assim devesse pintar os integrantes da nobreza. Tudo para Goya continha valor; mesmo quando pintava figuras agrestes, as realizava com meticulosidade.
O realismo de Goya não inclui a alegria da vida, mas a severidade, como nos quadros históricos Dois de Maio Três de Maio (Prado, 1814, fuzilamentos dos patriotas espanhóis pelos franceses).
A dureza aparece mesmo nos quadros religiosos como em Predica de Santo Antônio (Ermida de la Florida, Madrid). Assim também a Maja desnuda é selvagem comparada com as delicadas Venus dos coloristas anteriores.
Em direção selvagem, dura e macabra está Sábado das bruxas (Prado). Selvageria e horror se apresentam em Os desastres da guerra (1810-1814). Humor negro e alucinação absurda se revelam nas gravuras da série Caprichos (1797-1798), uma sátira aos costumes e vícios sociais, e Disparates ouProvérbios (c.1820-1824), sátira sobre as bruxarias e crenças populares. A sensibilidade moderna está no realismo de A ferraria (1819).

 
Arte Acadêmica é a de estilo remanescente neoclassicista, resistindo as inovações.
O nome "acadêmico", usado para denominar a orientação artística neoclássica remanescente no curso do século 19 se diz em função a Real Academia Francesa de Belas Artes, criada em 1664, por Luiz XIV. Portanto, diz respeito à arte oficialmente ensinada na Academia.
Em todo o século 19 isto significava a arte neo-clássica. A arte acadêmica, no sentido de arte remanescente, será combatida sucessivamente pelo romantismo, realismo e finalmente pela assim chamada "Arte Moderna", que principia por volta de 1870. O academismo, entretanto, resistiu e penetrou mesmo o século 20, sob suas diversas formas neoclássica, e depois ainda com elementos românticos e realistas.



 


Academismo brasileiro. Victor Meirelles. Difundiu-se o neoclassicismo por todo o mundo ocidental, havendo-se tornado a arte dos países novos da América.
Neo-clássica foi a Missão Artística Francesa, de 1816, mandada vir por D. João VI, para o Rio de Janeiro.
Desta missão nasceu o academismo brasileiro, de que são representantes Vitor Meirelles (1832-1903) e Pedro Américo (1843-1905). São desenhistas exatos como os neoclássicos e não colorista à maneira dos barrocos e românticos.
Vitor Meirelles, revela qualidades de composição geral da tela. É bom desenhista, monótono nas cores, frio no contexto geral, como um neoclássico (ou acadêmico).

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