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terça-feira, 15 de abril de 2014

EXPRESSIONISMO (1910-1930)



Houve em todos os tempos sinais de expressionismo, até mesmo porque a expressividade interior é um dos objetivos visados pela arte.
Expressionistas foram algumas das manifestações da arte pré-histórica, sumeriana, cretense, clássica arcaica, africana, pré-colombiana, gótica.
Há manifestações de expressionismo nos primeiros modernos Duerer, Cranach, Bosch, Brueghel, el Grecco, Goya e até no realista Honoré Daumier 1808-1879).
Estes expressionistas de todos os tempos são denomináveis remotos precursores do mesmo.
 

VAN GOGH


CEZANNE

Os precursores imediatos do expressionismo se encontram em Van Gogh (1859-1890) (vd 964) e Paul Cézanne (1839-1906) (vd 960).
Houve uma sequência no acontecer da formação do expressionismo moderno que veio desde as primeiras oscilações do impressionismo, quando Van Gogh esteve em contato em Paris com Pissarro (punctilista pós-impressionista) e Cézanne (plasticista pós-impressionista).
Passa a sequência pelo fauvismo (vd 965) de Gauguin e Matisse, para chegar à forma definida de expressionismo, nos anos 1910, conhecidas por A ponte(Dresden) e Cavaleiro azul (Munique).
Deve-se todavia entender o expressionismo de Van Gogh, - falecido prematuramente, - como um fenômeno que, por algum tempo, foi apenas individual. Sem que seu expressionismo tivesse interrupção, teve continuidade imediata em uns poucos, até que se tornou o expressionismo como um movimento de maior envergadura.
 
Na sequência percorrida, conforme adiantamos, o expressionismo teve em Van Gogh (1853-1890) como seu precursor bem marcado e talvez seu maior representante.
Mas será, como também se disse, a partir de Van Gogh (1853-1890) e de dentro do Pós-impressionismo que o expressionismo se converterá em movimento, e muito variado. No contexto desta variedade é preciso sempre citar o fauvismo francês e as réplicas germânicas da Ponte e do Cavaleiro Azul.
 
Depois disto, a arte contemporânea não pratica mais do que, de um lado diferentes variações de expressionismo, com pinceladas de impressionismo, realismo, classicismo; de outro lado, diferentes variações de plasticismo intelectualístico, sobretudo abstrato.


 
Vincent Van Gogh (1853-1890), antes de se dedicar à pintura, teve uma experiência religiosa, como missionário numa região carvoeira da Bélgica. Insucedido, abandonou aquela atividade, e se dedicou à pintura sob influencia de Rubens, que é seu período holandês (1883-1885).
Tendo um irmão mais novo em Paris, veio para a capital francesa, onde passou a trabalhar com os impressionistas, entre outros, Pissarro e Cézanne. Teve uma grande produção, mas seus problemas psíquicos levaram-no finalmente ao suicídio, em 1890.
Com Cézanne desenvolveu novas maneiras de tratar o espaço e por meio dar cores exprimia o mundo interior: "procurei com o vermelho e o verde exprimir as terríveis paixões humanas". As pinceladas rápidas, separadas, ondulantes e como vírgulas, peculiares ao impressionismos foram conduzidas a um virtuosismo extraordinário, não só expressando as impressões imediatas da luz, mas também do mundo interior.
 
Tendo da escola impressionista o brilho e a luminosidade das cores, inaugurou um expressionismo vigoroso, em que seu mundo interior encontrou instrumento adequado para manifestar-se. Deixou as sensações para ocupar-se com os sentimentos. Os pontinhos coloridos da técnica impressionista se desdobram em raios impacientes, o desenho se torna flamejante. O desenho não é calmo, obedecendo às curvas da expressão emotiva.
A textura, com que se cobriam as áreas planas, receberam novo tratamento de Van Gogh; desenhos peculiares e cromatismos singulares, imprimem funções expressivas a estas áreas.
"Com o vermelho e o verde exprimirei todas as paixões humanas", dizia.
"O amarelo é a cor da amizade".
Em consequência deformou as cores da realidade objetiva, exagerando-as ou até substituindo-as por outras, para expressar o mundo diferente do subjetividade emocional.
 
Enquanto Cézanne, com seus desenhos geométricos e intelectualizados criou o ambiente para o cubismo, próprio do mundo real e intelectual, Van Gogh deu começo à emoção expressionista, particularmente dos fauves (1905).
Mesmo em objetos, como sapatos, imprimiu a ternura e a presença do trabalho, atribulações e esforço. As espirais dão vida a todo o quadro e movem a vista a percorrê-lo integralmente. O processo põe vida nas coisas mortas. As árvores são braços estendidos, as janelas olhos abertos, os sapatos objetos que falam de uma presença.

 
Fauvismo (1905-1907). Define-se o fovismo (ou fauvismo a partir do francês fauve) pela construção do espaço pictórico não pelo desenho, mas pela cor, com um técnica de largas pinceladas justapostas, sem transições de atmosfera do modo peculiar do impressionismo.
Em consequência não importava a correção anatômica. Improvisando o desenho afastaram-se totalmente da rigorosa anatomia das figuras. Tratando-se de um expressionismo, deviam as cores expressar emoções e não simplesmente ao objeto como o percebem os sentidos.
 
Sobre a preferência da pintura expressionista sobre a cor em vez do desenho, acontecerá sempre esta dialética, - uns tentarão a expressividade pela forma envolvendo as cores e outros simplesmente pelo psiquismo das mesmas.
O desenho é mais intelectual, a cor mais emocional e mais capaz de expressar a partir das zonas elementares da consciência.
Assim sendo, o expressionismo pode tomar dois rumos, ou do desenho, ou da psicologia das cores.
 
A primeira forma do expressionismo tenta a expressividade do mundo interior, que se manifesta nos sinais fisionômicos. Ora, estes são desenháveis.
Desta sorte o desenho dos olhos e das contrações do rosto podem indicar, com muita precisão, a calma, a tranquilidade, a tristeza, o espanto, o ciúme, o tédio, a cólera, o horror, além de todos os conteúdos variados de um sorriso ou de um choro.
 
A outra forma do expressionismo enfatizou a expressivamente das cores simplesmente.
O uso preponderante das cores, radicalizada pelo fovismo, adquiriu peculiaridades próprias. Excluído o desenho firme, a cor ganha uma força, que não acontece no colorido harmonioso. A cor se torna expressão livre, lançada na tela uma ao lado da outra, as vezes em largas pinceladas.
Com a técnica fovista e outras similares não acontece a estruturação do espaço, ficando a pintura praticamente plana, principalmente nas áreas indiferenciadas de cor contínua. Não há perspectiva. Não há narrativa. Somente expressividade.
 
O expressionismo inicial da pintura moderna se fixou na cor como seu instrumento, por meio dela criando seus instrumentos e estilos.
Van Gogh nas variadas formas de seu expressionismo colorístico, na sua fase colorida, deu uns primeiros sinais do fovismo ,que depois se definiria melhor.
O mesmo fenômeno fovista das cores planas acontecia em Gauguin.
 
Entre 1900 e 1903 já se pode detectar um pré-fovismo nos quadros de Matisse e Albert Marquet, o que se pode interpretar como influência de Van Gogh, de Gauguin, e ainda do divisionismo e punctilismo de Seurat e Signac.
Enfim, som a liderança de Matisse, sai a exposição de 1905, no Salão do Outono, com um aglomerado de artistas, em cujos quadros se define um novo estilo. Além de Matisse, expuseram Rouault, Dufy, Braque, Derain, Marquet, Vlaminck, Friesz, Manguin, Louis Valtat.
 
Ainda sem nome, o movimento artístico do grupo comandado por Matisse, vai recebê-lo por ocasião de sua segunda exposição em 1906 no Salão dos Independentes.
A propósito de umas estatueta de bronze ali colocada e que era da escultura de Albert Marquet e de estilo à maneira florentina, publicava o crítico Louis Vauxelles uma crônica em 17 de outubro, dia seguinte à abertura da exposição, sob o título Donatello entre as feras (Donatello chez le fauves).
Mas a não repetição da exposição dos fovistas dispersou o grupo, até porque vários dos componentes tomaram outras direções. Matisse será o mais fiel. Rouault, com o seu expressionismo místico, também se mantém próximo dele.


 

Henri Matisse (1869-1954), notável pintor francês, foi o líder principal do movimento fovista, com vasta influência fora do seu país, sobretudo Estados unidos e Rússia.
Pintando sem preocupação com o tema, fez da expressão pictórica um arabesco quase puro, formas planas realizadas. Difundiu a felicidade visual das cores. Sua capacidade psicodinâmica elementar.
Obras mais importantes: A odalisca de calções vermelhos (), A música (Moscou, 1909), Sobremesa (), Banhistas com um tartaruga (Saint Louis, 1908), As três irmãs (), O artista e seu modelo (Nova Iorque, 1919), Meditação (Nova Iorque, 1920), Figura decorativa sobre fundo ornamental(Paris, 1927), Nu rosa (1933), A dança (Meyron, EUA, 1933).
Quase no fim da vida, decorou Matisse a Capella do Rosário de Vence (1948-1951).

 
Georges Rouault (1871-1958) pintor expressionista francês, com as pinceladas largas do fovismo, de estilo sempre muito pessoal, sem se ter ligado estreitamente a nenhum dos movimentos de sua época.
Caracterizou-se muito pelos temas eleitos, palhaços, prostitutas, burgueses, juízes nos quais encontra em diferentes níveis o trágico, a mesquinhez, o orgulho, a hipocrisia, a ternura.
As cores escuras as tornou mais claras a partir de 1910, quando também passou a preferir temas religiosos. O destaque do ódio dado às primeiras telas se converteu no da piedade, sobretudo depois de 1932.
Como gravurista, ilustrou livros, principalmente a partir de 1917. No gênero gravura Misere foi considerada uma obra prima.
No elenco de suas inúmeras produções destacam-se: A moça ao espelho, que é uma prostituta disforme (Paris, 1905), Três juízes (Chicago, c.1907),Torso nu (Chicago, 1906), O velho Clown (Calif., 1917), Três palhaços (St. Louis, 1917), Crucificação (Filadélfia, 1917), O aprendiz de operário(Paris, 1925, auto-retrato patético), A santa face (Paris, 1933), Cristo ultrajado (Paris, 1933), O velho rei (Pittsburgh, 1937), Clown (Boston, 1938), O Cristo da piedade (vitral da igreja de Assy, 1948).


MUNCH


Expressionismo do grupo A Ponte (1905). Na então cidade de Dresden, 1905, iniciam as manifestações coletivas do grupo de pintores, que se fez conhecer como expressionista, cultuando o holandês Van Gogh e o norueguês Edward Munch.
Era o grupo de jovens pintores de A ponte constituído de Ernst Ludwig Kirchner, Eric Heckel, Karl Schmidt Rottluff, Max Pechstein, Emil Nolde.
A denominação de A ponte (Die Bruecke) tomada pelo grupo fora uma referência a uma criação de Munch O grito, que apresenta um personagem em meio a uma ponte com expressão de medo e pavor.
 
Como réplica alemã ao fovismo francês, os artistas de A ponte cultivaram a prevalência da cor na construção do espaço da pintura e seu manejamento expressionista. A ponte é mais dramática. Predominou também na Alemanha o tema social. O elemento de ligação entre A ponte e o fovismo foi Kees van Dongen.
Organizados embora sob a denominação A ponte ficaram contudo conhecidos sob a denominação dada mais tarde por Herwarth Walden, da revistaStuermer (Tempestades).
Finalmente em 1913 dissolveu o grupo A ponte, ou seja Die Bruecke.


 
Expressionismo do grupo Cavaleiro Azul (1911). O grupo Cavaleiro Azul, que tomou o nome de sua revista, foi fundado em 1911 na cidade de Munich, capital da Baviera.
Deste grupo participou o erudito pintor russo Vassili Kandinski, estabelecido em Munich desde 1908, que anteriormente conhecera os fovistas na França e mesmo já estivera em 1896 em Munich. Com Franz Marc editou em 1912 a revista Cavaleiro Azul. A orientação do grupo é expressionista.
Ainda quanto a Kadinski produziu nesta época quadros expressionistas, sem todavia se haver ligado a nenhuma escola conscientemente. Suas paisagens de 1906 a 1908 são expressionistas, de cores independentemente das da natureza. Após 1910 tendeu para o abstrato não figurativo, com envolvimentos místico-metafísicos das cores. Disto tratou teoricamente em seu livro Sobre o elemento espiritual da arte (1911).
 
Depois do recesso da I Guerra Mundial os expressionistas se reaglutinam. Vetados pelo nazismo (1933), reapareceram mais uma vez após a II Guerra Mundial, desenvolvendo agora também o expressionismo abstrato.
Menos preocupados com as propriedades estéticas e lúdicas da arte, os expressionistas elegeram como centro a comunicação temática e, neste plano, o tema interior (dali o nome expressionismo).
Mas o tema interior, é sobretudo aquele do dramaticidade, interrogação, amargura, pessimismo, tudo com propósito ético, social, político frente às situações que provocam aqueles sentimentos.
O expressionismo apareceu pois como um novo romantismo, e sob um novo nome. Surgido no mundo nórdico é peculiar a ele. Já o mundo latino se destacou pelo plasticismo estético da superfície das formas.
Surgiu como reação ao impressionismo centrado no realismo visual das cores, instantâneo e otimista. Desligado neste oticismo naturalista, o impressionismo não abordava os temas humanos integralmente, como acontece agora com o expressionismo.
Do ponto de vista técnico, o expressionista se manifesta com espontaneidade e pureza, cada pintor com sua técnica muito pessoal, conforme os impulsos de sua paixão. Difícil pois a obediência a cânones tradicionais.


 
Expressionismo Dadá (1916). Nasceu o dadaísmo com o clima criado pela guerra irracional, que levou alguns artistas a se refugiarem na Suíça, onde se reuniram em Zurich.
Pretendendo expressar a irracionalidade e sem sentido dos valores da civilização, estes artistas tomaram como tema o sem sentido das coisas.
O poeta Tristan Tzara (húngaro), abrindo o dicionário Larousse, deixou cair o dado sobre uma palavra qualquer, que foi Dadá, designação infantil de cavalo. E com isto estava o movimento com um nome, que significava nada.



 
Entre os artistas concentrados na Suíça esteve o pintor e escultor francês Jean Arp, que havia exposto em Munich (1912) com o grupo Cavaleiro Azul.
Arp, além de escritor, se tornara um dos representantes mais significativos do movimento Dadá. Fixando-se em Paris, se tornou surrealista a partir de 1926.
 
O princípio básico da nova estética, um tanto indefinida, passou a se estabelecer como sendo um certo automatismo psíquico. Abandonado o princípio diretor do pensamento lógico e consciente, a espontaneidade psíquica passou a ser a fonte da criação artística; a obra de arte exprimia o que espontaneamente se manifestava.

ANDRÉ BRETON - FRANÇA


TRISTAN TZARA - ALEMANHA

No após guerra, poesia literária, pintura e teatro assumiram rumos peculiares, especialmente na França (André Breton) e Alemanha (Tristan Tzara).
 
973. O estado de espírito do movimento Dadá se repetiu em similares, como o surrealismo e formas que as vezes se têm denominado neo-dadaístas: arte do lixo, pop-art, ready-made (de Duchamp), fatagata (de Arp e Ernst), happenings.




 
Surrealismo (1924). A temática do surrealismo é tomada ao inconsciente (abaixo do subconsciente) e sua fonte de inspiração é o automatismo psíquico. A atmosfera deste automatismo é onírica. Nos instantes irrefletidos, são burladas as censuras do subconsciente, como se observa nas simples distrações, esquecimentos, coisas que fazemos sem pensar. Estas manifestações vindas diretamente do subconsciente hão de ser traduzidas em expressão artística. Em geral, as inspirações surrealistas se fundam no sonho, humor e maravilhoso.
Já se vê que a temática surrealista está condicionada a uma valorização do inconsciente. "O sonho e a realidade são vasos comunicantes" diz o poeta André Breton, o autor do Manifesto Surrealista, de Paris, 1924.
 
O movimento surgiu entre os dadaístas, particularmente na França. Ocupou especialmente aos poetas (literatos): Louis Aragon, André Breton, Guillaume Apollinaire, Paul Eluard (franceses), Meyring (alemão), parcialmente Garcia Lorca, Alberti, Cernuda.
Na pintura ocorreu um surrealismo figurativo, que reproduziu "paisagens de sonho", com rigorosa exatidão. Em tais condições se acham Salvador Dali, Picasso (espanhóis), Chirico (italiano), Chagall (lituano), Ende, Gilles (alemães).


SALVADOR DALI


O surrealismo abstrato criou formas indefiníveis, semi-abstratas. Neste quadro se encontram Juan Miró, Yves Tanguy, Hans Arp (este desde 1926).




MIRÓ


 

YVES TANGUY



HANS ARP



975. Tachismo, o francês tache (=mancha), é uma forma de pintura abstrato-informal, em que o artista age instintivamente, obediente aos impulsos informais de sua personalidade.
Expressa de maneira veemente e exasperada, muitas vezes em coloridos que os apreciadores desta modalidade de arte consideram estética.




 
976. Grafismo (Acting paiting = pintura de ação) é uma apreciada modalidade do tachismo, em que o movimento de criação se processa em vertiginosa caligrafia, da qual resultam efeitos surpreendentes.
A prática foi inaugurada pelo americano Jackson Pollock (1912-1956).

  



 

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