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terça-feira, 15 de abril de 2014

REALISMO COMO ESTILO



O realismo artístico, como estilo de pintura, começa em 1848, em Paris, por ocasião da revolução, tendo como principal representante o pintor Gustave Coubert (1819-1877), contrário ao neoclassicismo e ao romantismo. Deixando o modelo idealizado e o sentimento, o realismo apresenta o objeto tal como é, e não idealizado, nem como eventualmente percebido pela nossa subjetividade. O realismo envolve também o homem como se encontra em sua realidade social, tangível.
 
Ocorrem na pintura de todas as épocas criações realistas, mas sem uma definição formal desse estilo, como acontece agora. O realismo de Coubert consegue estabilizar-se e recebe importantes adesões, entre as quais são mais significativas as dos pintores franceses Honoré Daumier (1808-1879) e Jean François Millet (1814-1875).
 
No curso histórico em que se situa, o realismo de Courbet abriu caminho para o impressionismo de 1870. Este não é senão um novo realismo, prestes todavia a abandonar o próprio realismo impressionista em favor do expressionismo.
Dentro do realismo acontecerão formas outras e outras de realismo. Por exemplo, o naturalismo, o verismo e o neorrealismo.




 
Gustave Courbet (1819-1877) pintor francês, filho de um viticultor, que o desejava engenheiro, mas o deixou ir em 1839 estudar direito em Paris. Acabou por tornar-se um autodidata da pintura, operando ainda em causas sociais, movimentos de esquerda.
Foi já na década de 1840 que fez suas primeiras conquistas de espaço. Depois de viagens pelos Países Baixos, instalou-se definitivamente em Paris, a partir de 1848, sempre em ativismo social, discursos republicanos nos cafés, ligado também a Beaudelaire, Proudhon, Champfleury, Henri Murger.
 
Contestando o neoclassicismo e o romantismo, pintou o que via ante os olhos, ainda que sintetizando, pela eliminação do supérfluo, e organizando a composição. Seu realismo é consequentemente objetivo e documental. Fixando situações eventuais, não cria relações abstratas entre formas e linhas, nem se preocupa como o ritmo das partes, fixando energicamente os detalhes.
Em 1844 conseguira Courbet fosse aceito um seu quadro realista no Salon de Paris, Retrato com cão negro. Ganhou uma medalha de segunda classe, em 1849, no Salon pelo seu quadro Após o jantar em Ornans (Museu de Lille).
Compareceu ao Salon em 1850, com um motivo proletário: Quebradores de pedra (Dresden), e ainda com Enterro em Ornans (Louvre).
 
Anos seguidos, ora é aceito, ora rejeitado, até que em 1855 instalou, em salão próprio, 40 dos seus quadros. Acontece aqui um precedente do futuro Salon des refusées instalado em circunstâncias semelhantes pelos impressionistas.
 
Courbet tornou-se um retratista apreciado. No gênero criara O guitarrista (1845), O homem com cinto (Louvre).
Tornou-se notável, como crítica social, O encontro (Montpelier), um retrato do autor e que passou a ser chamado também "Bom dia, Senhor Coubert" (Bonjourmonsieur Courbet). Representa um seu criado saudando Coubert, para significar o dinheiro saudando a arte.
Em 1855 havia enviado 11 telas à Exposição Universal, que depois levou para a exposição particular. Foi então recusado um seu enorme quadro O atelier(Louvre), por ele denominado "alegoria real". Nele estão retratados os personagens do contexto do autor, contra e a favor. Ele mesmo está representado no centro, pintando uma paisagem. À sua direita está Beaudelaire, o poeta realista. Um boneco pendurado atrás do cavalete significa as ridículas convenções artísticas. Simbolizando seu desprezo ao romantismo estão atirados ao chão um chapéu de mosqueteiro e um violão.
Foi bem sucedido no Salon de 1860.
 
Viajou pela Bélgica e Alemanha (1858-1859), quando difundiu suas idéias.
Pintou uma temporada em Saintonge, em companhia de Corot, experimentado paisagista de grande luminosidade e que influiu sobre os impressionistas.
Em 1865 Courbet deu lições a Manet e Whistle, este último um americano fixado em Londres.
Cresceu Courbet ao ser eleito, em 1870, Presidente da Comissão dos Museus.
Recusou, com escândalo oficial, a condecoração da Legião de Honra, para não a receber de Napoleão III.
Foi desmontada com sua participação a coluna de Vendome, por decisão da Comuna de abril de 1871. Mas assim que o poder conservador se impôs, foi condenado a seis meses de prisão. Condenado ainda a apagar a reconstrução, fugiu em 1873 para a Suíça. Foram então seus bens e telas sequestrados para aquele fim.
Não obstante, o realismo de Gustave Courbet, Honoré Daumier e Jean François Millet teve prosseguimento, bem como novas modalidades, como o pré-impressionismo de Manet (vd 951).

  
 

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